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segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Não tenha medo de ser o que você é


Todos nós, em algum momento de nossas vidas, experimentamos situações onde somos confrontados conosco mesmos. É quando nossos princípios e ideais são colocados à prova. Nessas situações, ou fazemos a coisa certa e afirmamos tudo o que cremos, ou agimos de forma contrária às nossas convicções e arruinamos a nossa vida. Afirmação ou destruição, honra ou vergonha, pureza ou vida manchada, consciência limpa ou culpa, paz de espírito ou angústia – esses estados estão ao nosso alcance e se tornam realidade com um simples “sim” ou “não”, ou com um pequeno gesto de ação ou omissão.

As conseqüências são claras, mas, apesar disso, nem sempre é fácil tomar o caminho certo. Não são todas as pessoas que estão prontas para resistir à pressão social em prol de um princípio ou valores. Muita gente amarela”, tergiversa e gagueja quando o cenário à sua volta é absolutamente desfavorável. Não são poucas as pessoas que preferem trocar sua consciência por uma conveniência. Ou por um status num grupo e vantagens.

É verdade que algumas dessas pessoas passam por tremendas crises internas: apresentam-se felizes diante dos amigos, mas, por dentro ou quando estão sozinhas, se autoflagelam, já que, como dizia Alexander Maclaren, a consciência só conhece duas palavras: certo e errado. Ela não aceita meio termo. Porém, há outras pessoas que conseguem se acostumar com suas máscaras e cauterizam suas consciências.

Este é um fato premente: não ser o que somos é uma das maiores tentações da vida.

Por quê? Porque o ser humano tem uma capacidade enorme de criar tribos, códigos, portas e paredes”. Toda pessoa, quer queira ou não, é incluído ou excluído pelos outros. Os “iguais” facilmente se encontram e se identificam, formando seus grupos. Aqueles que se sentem inferiorizados se submetem a sabatinas” sociais, por um instinto de sobrevivência, para entrarem em grupos “mais respeitados. Todos sofrem essa tentação em algum momento de sua vida. E talvez você esteja atravessando uma situação assim agora. Talvez você esteja sendo tentado a se contrafazer, a deixar de ser o que é para “subir”. Mas a Bíblia aponta um outro caminho para sua vida. Não deixe de ser o que você é. Seja o que você é, mas em Deus.

A Palavra de Deus fala da necessidade de nascermos de novo, de permitirmos que Jesus entre em nossa vida e o Espírito Santo nos torne novas criaturas. No entanto, isso não significa dizer que, ao passarmos pela conversão, deixamos de ser nós mesmos. A Bíblia nunca foi a favor da despersonalização. Ela nos liberta da escravidão do pecado, nos torna pessoas santas, sensíveis ao Santo Espírito, mas não esmaga nossa personalidade.

Deus nos ama como nós somos e, porque Ele nos ama, quer nos transformar, não nos despersonalizar. Ele quer que José continue sendo José, e Maria seja Maria. Agora, se José era conhecido como “José, o pecador distante de Deus, Deus o faz ser José, o santo, o filho de Deus. É transformação sem despersonalização.

Não finja ser o que não é, negando seus valores cristãos, por causa das pressões da sociedade, que em sua maioria está longe de Deus. Não negocie seus princípios. E também não ceda à tentação de ser uma reprodução dos outros mesmo na igreja! Seja o que você é! Singular como você, com todas as suas possibilidades, e em Deus.

Uma das grandes bênçãos do Corpo de Cristo é justamente isso. Não somos despersonalizados ao nos tornarmos membros desse Corpo. Somos um só em Cristo, mas cada um de nós é, em especial, um ser singular, com suas particularidades e funções específicas (Leia e medite atentamente em 1 Coríntios 12.12-27). O Corpo de Cristo traz em si o milagre da diversidade na unidade. Todos os membros não são iguais e essa diferença proporciona a funcionalidade do Corpo. Isso é uma maravilha!

Por isso Jesus disse que devo, antes de amar o próximo, me amar. Lembra-se? Ele ordenou que amássemos o próximo como a nós mesmos. Ou seja, antes de amar o outro, tenho que me amar, porque é impossível alguém que não se ama amar o outro. Como vou querer o bem para os outros se nem gosto de mim mesmo? Amar a mim mesmo não é pecado. Pecado é não amar-me ou colocar-me acima de tudo e todos. Pecado, no caso da pessoalidade, são os extremos da autodestruição e da egolatria.

Quem se ama não finge, não mente sobre si mesmo, mas diz quem é e aceita o que é. Ele gosta de si mesmo e procura ser ele mesmo, mas em Deus. Isto é, ele depende de Deus para viver, para ser, para existir. Nele vivemos, nos movemos e existimos”, preconizou Paulo em Atos 17.28.

Em outras palavras, a grande diferença do autólatra e narcisista para o servo de Deus é que o primeiro diz: Sou o que sou porque sou o que sou”, enquanto o último afirma “Eu só sou o que sou porque Ele é o que é”. Deus é o motivo da sua existência, sua razão de viver, seu norte e o ar que respira. Por isso ele se ama. Por isso ele ama.

Se você está se perguntando como o jovem Hamlet, de William Shakespeare, “Ser ou não ser, eis a questão!”, a resposta de Deus a você é: “Seja o que você é, mas em Mim. Permita que Eu guie você. Fique a vontade na minha vontade, e você nunca vai chorar ou sorrir em vão, porque eu tenho o melhor para sua vida”.



 
Por: Pr. Silas Daniel

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