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terça-feira, 13 de julho de 2010

Não Por Força

 Não por força"...mas pelo meu Espírito, diz o Senhor dos Exércitos" (Zc 4.6).

 Essa passagem do profeta Zacarias está inscrita com letras hebraicas nos dois braços inferiores da Menorá, o candelabro de sete braços que se encontra na frente do Knesset (parlamento israelense) em Jerusalém. É sempre uma bênção ter uma passagem da Bíblia diante dos olhos, e é importante que exista a preocupação de interiorizar a verdade bíblica pela fé, fazendo-a falar bem fundo ao nosso coração.

"Não por força nem por poder, mas pelo meu Espírito, diz o Senhor dos Exércitos" (Zc 4.6). Transpondo isso para a nossa linguagem atual, significa abrir mão de recursos exteriores colocando toda a confiança no poder e direção do Espírito Santo. E aí se impõe a você e a mim a pergunta bem pessoal: será que estou disposto a trilhar esse caminho bíblico, que, sem dúvida, trará conseqüências consigo?

O príncipe deste mundo puxa as pessoas para o caminho inverso, fazendo-as buscar demonstrações de força e poder. Pensemos apenas no poder do dinheiro. Por trás dos pequenos negócios estão as grandes firmas, e, por trás delas as grandes multinacionais, esperando por suas vítimas como o fazem as serpentes. Apocalipse 18.23b as desmascara: "...pois os teus mercadores foram os grandes da terra, porque todas as nações foram seduzidas pela tua feitiçaria."

Ou pensemos no controle eletrônico da população mundial. Apesar de se falar muito em proteção de dados, armazenam-se dados e informações em todos os lugares. Hoje isso talvez pareça algo inofensivo por se tratar basicamente da armazenagem de endereços, que são passados ou vendidos de uma firma a outra, mas sabemos que as malhas da rede ficarão cada vez menores no fim dos tempos, de tal modo que "...ninguém possa comprar ou vender, senão aquele que tem a marca, o nome da besta, ou o número do seu nome (666)" (Ap 13.17). E no final todo o poder global será entregue à besta (anticristo), conforme Apocalipse 17.13.

 
Concentração de poder com vistas a uma união mundial também acontece na área política com a desculpa de se alcançar paz e maior bem-estar. E o mesmo vale para a área religiosa, para o ecumenismo. Nós, cristãos fiéis à Bíblia (queira Deus que o sejamos realmente!), representamos um empecilho espinhoso no caminho de uma religião universal única. A passagem de Atos 4.12 fundamenta a nossa posição, que será considerada como intolerância de nossa parte: "E não há salvação em nenhum outro; porque abaixo do céu não existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos". Pois com o poder de Satanás acontecerá a união mundial sob o anticristo. E nós, cristãos, temos de conhecer o jogo que está sendo jogado! Será que alguém joga ou brinca conosco? Mas claro que sim, se não nos encontrarmos debaixo do poder maior, que é Jesus Cristo. Quem é propriedade de Jesus não fica vulnerável à sedução satânica.

 
Sob o domínio de Seu Espírito

 
"Não por força nem por poder, mas pelo meu Espírito..." Nossa vida nos coloca diante de muitas decisões, e continuamente somos obrigados a decidir quantos "HP" humanos queremos incluir em nossas ações. Cada pessoa recebeu uma certa quantidade de força e poder – mesmo que seja apenas a própria língua! Será que sempre usamos esse poder corretamente? Tiago 3.2a faz a constatação humilhante de que "...todos tropeçamos em muitas cousas." Arrependimento e correção são necessários toda vez que isso acontece. Como é maravilhoso encontrar em Jesus um juiz paciente numa hora dessas. O versículo todo diz o seguinte: "Porque todos tropeçamos em muitas cousas. Se alguém não tropeça no falar é perfeito varão, capaz de refrear também todo o seu corpo." E como se chama este homem perfeito? Conhecemos apenas um que nunca falhou! Ele podia se expor às críticas e perguntar: "Quem dentre vós me convence de pecado?" (Jo 8.46). Ou vejamos como a Bíblia Viva o diz: "Quem de vocês pode verdadeiramente acusar-Me de um único pecado?" Pedro conviveu alguns anos com Jesus e por isso conhecia muito bem o seu Senhor, sabendo muito bem o que queria dizer quando testemunhou que Ele "não cometeu pecado, nem dolo algum se achou em sua boca" (1 Pe 2.22). Jesus explicou: "O meu reino não é deste mundo" (Jo 18.36). E por Seu reino não ser deste mundo, Jesus se entregou completamente, não fazendo uso de Seu poder. Nosso Senhor Jesus privou-se de todo e qualquer recurso exterior e abriu mão das legiões de anjos que estavam à Sua disposição. E este caminho da entrega total foi que O levou a receber todo o poder no céu e na terra. As atividades de Jesus sobre a terra aconteciam na autoridade do Espírito Santo, e Ele deseja que você participe e usufrua desse mesmo poder! Orientemo-nos sempre pelas ações e atitudes de Jesus. Que elas sejam nosso padrão!

 
A passagem bíblica mencionada no início era dirigida a Zorobabel; o texto completo diz o seguinte: "Prosseguiu ele (o anjo) e me disse: Esta é a Palavra do Senhor a Zorobabel: Não por força nem por poder, mas pelo meu Espírito, diz o Senhor dos Exércitos." Zorobabel (significa nascido na Babilônia) era da linhagem real e havia nascido na Babilônia durante o exílio. Ele havia sido o líder da primeira leva de 50.000 exilados judeus que voltaram do cativeiro para Jerusalém. E o que encontraram em Jerusalém? Uma montanha de escombros! E Zorobabel reconheceu como prioridade reconstruir o templo e restabelecer o sacerdócio e o ministério dos levitas. Assim, Zorobabel ficou sendo o administrador da cidade.

 
Aqueles para quem o trabalho do Senhor é a prioridade máxima de suas vidas podem estar certos de ter a ajuda do Senhor de seu lado, conforme Jesus o disse em Mateus 6.33: "Buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas cousas vos serão acrescentadas." "Buscar primeiro" é uma ordem muito clara para nós, cristãos. Mas junto com a ordem vem a promessa: "...e todas estas cousas vos serão acrescentadas." E o que o Senhor promete Ele cumpre! Será que a edificação do Reino de Deus ocupa realmente o primeiro lugar em nossas vidas? Se o ministério cristão é nossa maior prioridade, não precisamos ter medo de que algo possa nos faltar. Mas age erradamente quem faz o caminho inverso, buscando em primeiro lugar seu próprio conforto e tentando atender em primeiro lugar às suas próprias necessidades. E estas pessoas ainda pedem que Deus os abençoe! Nós desonramos a Deus quando agimos de modo calculista e humano, contando apenas com nossos próprios meios e recursos!

 
O Senhor distribui entre nós tarefas grandes ou pequenas, e, às vezes, nos sentimos incapazes de realizá-las. Mas, nesses momentos, pela fé podemos confiar na ajuda e na promessa de Deus assim como Zorobabel o fez. Na carta de Tiago lemos: "Se, porém, algum de vós necessita de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente, e nada lhes impropera; e ser-lhe-á concedida. Peça-a, porém, com fé, em nada duvidando; pois o que duvida é semelhante à onda do mar, impelida e agitada pelo vento. Não suponha esse homem que alcançará do Senhor alguma cousa" (cap. 1.5-7).

 
Podemos imaginar que surgiram dúvidas e tentações no coração de Zorobabel, e ele deve ter se questionado se era capaz de acabar o que estava iniciando. E nessa situação o Senhor lhe enviou esta maravilhosa palavra de ânimo: "Não por força nem por poder, mas pelo meu Espírito, diz o Senhor dos Exércitos."

 
A inteligência e a capacidade humanas são de grande valor, mas quem não as sujeita ao Senhor e não as coloca a Seu serviço, perde a bênção que poderia receber e não alcança o alvo proposto. Uma vida assim fica sem frutos espirituais e as obras realizadas serão avaliadas diante do tribunal de Cristo e serão queimadas por serem madeira, feno e palha. Quem pensa conseguir realizá-las com suas próprias forças vive em um grande engano próprio. A sentença de Deus sobre essa pessoa é a seguinte: "Assim diz o Senhor: Maldito o homem que confia no homem, faz da carne mortal o seu braço, e aparta o seu coração do Senhor!" (Jr 17.5). Portanto, firme-se na Palavra de Deus e aceite Seu conselho de deixar-se guiar e capacitar para toda e qualquer tarefa pelo Seu Espírito Santo. Tome como exemplo a humildade do rei Davi, e clame ao Senhor pedindo Sua ajuda: "Não me desampares, Senhor, Deus meu, não te ausentes de mim. Apressa-te em socorrer-me, Senhor, salvação minha" (Sl 38.21-22). E, veja só, Sua ajuda nunca veio tarde demais, pois Davi testemunha: "No dia em que eu clamei, tu me acudiste, e alentaste a força de minha alma" (Sl 138.3). Em uma dependência humilde como essa vivemos felizes e protegidos! Por isso, faça diariamente o que Davi fez: "Davi se reanimou no Senhor seu Deus" (1 Sm 30.6b). Davi era um herói de grandes façanhas: "As mulheres se alegravam e, cantando alternadamente, diziam: Saul feriu os seus milhares, porém Davi os seus dez milhares" (1 Sm 18.7). Essas vitórias militares ou o acerto de contas com Golias foram os atos mais marcantes de Davi? De jeito nenhum! Sua maior vitória foi quando ele, com a força que vem de Deus, não fez uso da sua espada quando surpreendeu seu inimigo mortal Saul na caverna de En-Gedi (1 Sm 24)!

 
O apóstolo Paulo, que passou grandes dificuldades ao levar o Evangelho de país a país, recebeu a animadora promessa: "A minha graça te basta, porque o poder se aperfeiçoa na fraqueza" (2 Co 12.9a). O poder de Deus no Espírito Santo é o maior poder que Ele quer dar a você e a mim! Se contássemos mais com o Seu poder, experimentaríamos vitórias maiores!

 
O matrimônio e a família no sufoco anticristão

 
Quantos pais cristãos gemem hoje em dia sob a pressão maciça de nossa sociedade! Educação anti-autoritária ainda é "in", apesar de qualquer pessoa sóbria reconhecer que essa semeadura traz frutos assustadores. A reivindicação por democracia no casamento e na família está dentro das tendências da época, mas se encontra em oposição à ordem divina. Se o homem é o cabeça da mulher conforme 1 Coríntios 11.3, é lógico que ele é também o cabeça de toda a família. Mesmo que as feministas continuem cuspindo fel sobre o patriarcado e afirmem cada vez mais que o mesmo está definitivamente superado, isso nada muda na ordem divina, que é e continuará a ser um imperativo para nós, cristãos. Através de um estilo democrático de viver em família, a autoridade natural, que Deus deu ao homem, é ignorada. Mas ai do homem que abusa dessa autoridade e se aproveita de sua posição de liderança usando da força bruta! Um déspota desses, que procura elevar sua auto-estima com extravagâncias ditatoriais, que oprime sua esposa e seus filhos, esquece que o próprio Senhor é o cabeça da família!

 
Deus quer o melhor para nós; com Suas ordens Ele pensou em nosso bem! O patriarcado bíblico é uma instituição maravilhosa, pois pode ser uma fonte de alegria e de vida abundante. Mas Satanás soube muito bem como espalhar suas sementes venenosas bem dentro do paraíso que é a família – e o faz inclusive nas famílias cristãs. Cônjuges são separados uns dos outros pelas tendências da sociedade – pensemos apenas no alvoroço em torno da auto-realização. A educação dos filhos é solapada pelo que aprendem na rua ou na escola – quem não participa de tudo é um excluído. Mas não fiquemos inseguros, porém firmemo-nos em princípios bíblicos, mesmo que para isso tenhamos de nadar contra a correnteza. E como podemos fazê-lo? Resposta: "Não por força nem por poder, mas pelo meu Espírito, diz o Senhor dos Exércitos."

 
A atual pedagogia, alheia à existência de Deus, humanística e anti-autoritária, levou os jovens a uma postura desafiadora e rebelde contra toda e qualquer autoridade. E isto deve ser debitado na conta de nós, adultos, nós que negligenciamos os princípios de Deus. Se deixarmos as coisas tomarem seu prórpio rumo, nos dirigimos ao ponto que é descrito por Isaías 3.4 da seguinte maneira: "Dar-lhes-ei meninos por príncipes, e crianças governarão sobre eles." O espírito de desrespeito, de chantagem, destruição e violência atinge mais e mais também os nossos filhos. E eles são, por sua vez, vítimas, por lhes faltarem os exemplos e os valores tão fundamentais para suas vidas. E isto representa uma clara acusação para nós, pais cristãos, pois exatamente nós é que deveríamos ser exemplos, segundo a vontade de Deus. Para uma educação no temor do Senhor é preciso ensinar aos filhos a auto-disciplina e não negligenciar o castigo. "O que retém a vara aborrece a seu filho, mas o que o ama, cedo o discipilna" (Pv 13.24). Disciplina bíblica é muito difícil de ser praticada em nossos dias, mas realmente promete bons frutos no futuro!

 
O 6º capítulo de Deuteronômio nos revela de modo maravilhoso a pedagogia divina (lendo-o você vai entender por quê). Transpondo para os dias de hoje, isso pode nos ensinar resumidamente o seguinte: quando seu filho lhe pergunta (e ele pode e deve perguntar!): "Pai, porque você quer que seja assim e não de outro jeito?", então responda-lhe: "Porque Deus quer assim." Com isso, seu filho não apenas terá respeito por você, mas aprenderá também o temor do Senhor. E é isto o que faz tanta falta hoje em dia! Pais: disciplina orientada pela Bíblia, disciplina que deve ser justa e sincera tem maravilhosas promessas e não faz com que as crianças se aborreçam da casa paterna. Mas como será possível, como cabeça da família, ao mesmo tempo exercer a auto-disciplina e manter a autoridade? Também aqui a resposta é: "Não por força nem por poder, mas pelo meu Espírito, diz o Senhor dos Exércitos."

 
A verdadeira fonte de poder

 
A eterna Palavra de Deus é nossa fonte de poder! Você se sente fraco e estressado? Então a promessa a seguir se aplica a você, que é vaso frágil: "Temos, porém, este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus e não de nós" (2 Co 4.7). E esta fonte de poder Deus coloca à disposição de Seus filhos, para que possamos cumprir nossas tarefas e obrigações à Sua maneira. Fique ligado à videira como o ramo, e você viverá e trará frutos! "Ora, se vós, que sois maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais o Pai celestial dará o Espírito Santo àqueles que lho pedirem?" (Lc 11.13). O Senhor quer lhe dar Sua plenitude: "Pois ao que tem se lhe dará, e terá em abundância; mas, ao que não tem, até o que tem lhe será tirado" (Mt 13.12).

 
A festa de Pentecostes nos recorda da grande fonte de poder: "...mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas..." (At 1.8a). Deus não precisa de pessoas poderosas, mas de pessoas que vivem no poder que reside na dinâmica divina: "Não por força nem por poder, mas pelo meu Espírito, diz o Senhor dos Exércitos."


Por:Burkhard Vetsch

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